Era
uma vez uma moça que andava num deserto a procura de uma fonte que saciasse sua
sede. A cada passo que ela dava, ficava com mais sede e ao mesmo tempo com
menos certeza de que iria encontrar a fonte que tanto desejava. O cansaço da
caminhada a fazia enxergar miragens e correr em direção a elas na certeza de
que havia encontrado a sua tão desejada água, mas quando chegava bem perto,
percebia que era apenas mais uma miragem, mais uma ilusão. E isso fazia a moça
chorar, sofrer, descrer que um dia, de fato, iria encontrar uma água pura,
límpida e verdadeira, da qual ela merecidamente beberia e se sentiria feliz por
ter ultrapassado todas as dificuldades da caminhada. O sabor dessa água seria
único... ela sentiria receio de estar, novamente, diante de mais uma miragem,
mas, teimosa e espontânea que é, arriscaria mais uma vez, mesmo tendo a chance
de ao invés de água, ela engolir areia. E enfim, então, já muito cansada,
machucada, descrente, com os passos tortos, pensando seriamente em desistir, ela
se viu diante de uma fonte. Parou, olhou, sorriu, pensou, temeu, recuou, mas,
ousada, seguiu até ela e a experimentou: bebeu com medo, mas bebeu! Sentiu que
aquela água era diferente, mas demorou a acreditar que estava experimentando
aquela sensação tão boa de saciar a sede... a medida que o tempo foi passando,
ela bebia e tinha mais certeza da verdade daquela água. Ela soube dar valor e
soube aproveitar cada momento que pôde degustá-la. Ahh, como foi bom! Como a
moça sorriu, foi feliz. Até que um dia ela percebeu que o gosto da água estava
ficando diferente... estranhou, porque, aparentemente, nada havia de errado com
tudo aquilo. Ao contrário, era uma realização, um encontro raro e especial.
Percebeu, então, que a água continuava límpida, pura e verdadeira, mas a sua
fonte não estava preparada sede daquela moça... A fonte, com toda a sua humildade
e por motivos que só ela saberia, chegou a conclusão de que não tinha como dar
àquela moça, agora, toda água que ela merecia. A moça, por sua vez, ficou
triste, chorou, mas não aquela tristeza ruim (se é que pode existir tristeza
boa). A moça não sentiu raiva, não sentiu mágoa, só tristeza. Tristeza em ter
que deixar a fonte e seguir na caminhada árdua do deserto. Uma tristeza por ter
que abandonar algo que buscou tanto, que sonhou tanto, mas que não pode continuar
usufruindo. Sentiu medo em seguir, mas sabe que viver é isso mesmo, seguir em
direção ao desconhecido que só Deus conhece. Tem medo de não encontrar
novamente outra fonte, ou quem sabe até a mesma fonte, mas leva a certeza da
lembrança do gosto bom e único daquela água. Entrega seu caminho à Deus e pede
pra Ele abençoar a fonte de um jeitinho bem especial. Pede pra Ele guiar os
pensamentos, os sentimentos e as atitudes da fonte, pra que ela não desista de
si mesma e um dia consiga entender que a profundidade dela é imensa e que pra
ela se sinta completa, basta que comece a se enxergar com olhos mais serenos e
carinhosos, iguais aos que ela olhava pra moça... O que será daqui pra frente
nem a fonte nem a moça saberão. Mas o que fica de bom e realmente
insubstituível nessa história é a água: pura, límpida e verdadeira, que a moça
achou ser só utopia, ilusão e que a fonte, mesmo na sua incompletude, provou
ser real e poderosa.
Agora
e sempre, seja o que Deus quiser...
Liinda: Cecília
Barbosa
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